quarta-feira, 27 de agosto de 2014
TV Italiana
Elis Regina canta pout-pourri nos palcos laminados/iluminados da TV Italiana / RAI. A apresentação começa com o agitado Upa Neguinho (G. Guarnieri e Edu Lobo) - sucesso de sucessivas idas à Europa, passando pelos palcos de Cannes e do Olympia de Paris, ao lado do Bossa Jazz Trio. A performance de Elis é muito envolvente, passando por How Insensative, encerrando com Barquinho (Menescal e Bôscolli). Nunca se viu tamanha expressão cênica em coesão com a câmera. Muita segurança musical coreografada, domínio total em cada gesto, um jogo de habilidades; sempre pensando nos interlocutores. O corpo que dança, fala. A voz firme e límpida, pode variar de tom em "Se você pensa", mas, indiscutivelmente, um precioso instrumento. Uma Elis quase que flutuante naquele chão de prata em meio às ovações da plateia, onde a orquestra é ritmada e jazzística. Elis é a dona da voz (como Sinatra); afinadíssima, maestrina de si.
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Falso Brilhante
FALSO BRILHANTE, o espetáculo colorido, caminha para seu quadragésimo
aniversário. Desde o ano de 1972 que Elis
Regina foi acrescentando ao seu trabalho grandes nomes da MPB e dando um
brilho maior naquilo que sabia fazer melhor: cantar. Ela sabia mesmo batear pedras em garimpo, até encontrar o verdadeiro brilhante: uma exímia caçadora de canções. O repertório que
passou por Chico Buarque, Caetano Veloso, Bosco/Blanc e Belchior, Falso
Brilhante rememorou alguns nomes latinos, como Atahualpa Yupanqui e Violeta
Parra. Contudo, o show dialogou com perspectiva crítica e filosófica
quando cantava Belchior, João Bosco/Aldir Blanc. "Gracias a la vida" e "Como nossos pais" foram
ícones naquelas apresentações no Teatro Bandeirantes, em São Paulo. Homenageados foram Carlos Gomes, em O Guarani; Carmem Miranda
(o vestido, os balangandãs e cantando "Diz que tem"); Jesus Cristo (braços dependurados num balanço, o pescoço inclinado e cantando "Glória, Glória
Aleluia"); Dom Quixote de La Mancha
(o chapéu, a música...). Até o palhaço Cascão foi chamado ao palco, este surgiu de
um enorme bolo cenográfico. Falso Brilhante, o show, era uma retrospectiva da carreira da
artista, que começou a soltar a voz no Clube do Guri, passou de relance pelo Beco das Garrafas-RJ e nunca mais parou de cantar. Cantando "No dia em que eu vim embora" (Caetano Veloso), entra em cena uma "mala de couro, pano forte, brim cáqui"... Gingantescos e feios
eram os bonecos que ela abraçava, os quais representavam a asfixia dos dias. Na velocidade de cantar Elis atropelou os desafios com voracidade. O show seguia em alto pique: o maior acontecimento cultural do ano, uma superprodução e um superfaturamento jamais vistos na história do meio artístico deste país. Em meio à explosão de Falso Brilhante deu-se a gravação do long play, este que contém algumas das músicas que
compõem a íntegra do show, o qual fora desmontado no fim de uma apresentação e
transportado para o Rio de Janeiro, na certeza de que todos estariam de volta
na noite seguinte. E lá se foi o caminhão com toda a troçada... o dia inteiro
gravando, missão cumprida: é o disco mais importante de sua carreira. A canção
histórica é Fascinação/Fascination (F.D.Marchetti, versão de Armando Louzada), contra à popularidade de
"Como nossos pais"; no entanto, as duas são as mais tocadas em
emissoras de rádio FM do país.
'GLORIA, GLÓRIA ALELUIA'
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