domingo, 28 de novembro de 2010

Aquele bolero

Cauby estava cantando: "Conceição eu me lembro muito bem...", música que não pode deixar de ser lembrada em seus shows. Descia a escada ainda cantarolando a canção. Alguém disse-lhe, baixinho, qualquer coisa, e ele veio em minha direção, já no corredor que o levaria a ver a lua deitada na Lagoa. E eu não podia perder tempo com galanteios de tiete, falei logo de sua gravação com Elis, no disco Essa Mulher / 1979.  Ele estava onomatopaico, pôs o braço no meu ombro: "hum, um, um, um... lará, laiá, laiá... turu, ru, ru, ru... liri, ri, ri,, ri, ri..." E  lembrou-se da letra do bolero  amargo, envenenado, pagã... Discretamente começamos a cantar/ol(h)ar: "Você me deixou como o fim da manhã / E em mim começou essa angústia, esse afã / Você me plantou a paixão imortal e mal sã / Que  se enraizou e será meu maldito final amanhã... / É a seta do arco da noite /Sangrando-me agora..." Elis já tinha bateado algumas pedras no garimpo do pensamento, e muitas desceram na correnteza da seleção; sobrou a voz preciosa de Cauby, prontamente cedido por sua gravadora. O cantor entrou na Van, nevoada pelo "arco da madrugada",  e eu pisava na grama pantanosa da borda  da Lagoa, com vontade de chorar, quase louco, já de manhã.

imagem: elisreginapimentinha.zip.net

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Efígie


Elis voltou a Porto Alegre:
efígie no meio da praça
com um sorriso de cobre.